domingo, 24 de maio de 2015

Depoimento do Educador

Nome: V.P.T.S.
Idade: 43 anos
Há quanto tempo leciona: 20 anos

1- Para você o  que é a inclusão escolar?
R: A expressão “inclusão escolar”, para mim, tem um significado bem amplo. Pode significar simplesmente inserir a pessoa com alguma deficiência na escola ou pode significar dar ao deficiente todo apoio necessário para uma completa aprendizagem.

2- Com quantas crianças com deficiência você teve a oportunidade de trabalhar?
R: Muitas com vários tipos de deficiência tanto mental quanto física.

3- Como os demais alunos da sala recebem o aluno portador de deficiência? Como é o relacionamento entre eles?
R: Dependendo da idade, esta recepção se dá de forma diferente. Pela minha experiência, pude observar que crianças recebem de forma mais pura e sem preconceitos. Já os adolescentes e os adultos intimidam-se um pouco mais no início. O professor deve sempre mediar estes relacionamentos com sensatez e referências.

4- O que você acha da infraestrutura brasileira para atender a demanda educacional com alunos portadores de deficiência?
R: Em muitas escolas faltam até a rampa de acessibilidade, até o acesso as salas de aulas são difíceis, o que encontramos em algumas são banheiros adaptados. Com relação ao material pedagógico, apesar de saber que existem, não temos acesso. Procuramos remover barreiras, detectar os problemas e encaminhar as soluções, exercitamos a cooperação, o compartilhamento de ideias e o respeito à diferença, visando assim, transformar a escola e construir uma sociedade para todos.

5- Qual é o papel do professor no contexto da inclusão escolar?
Proporcionar autonomia e ensiná-lo para os mesmos fins: cidadão crítico e atuante na sociedade.

6- E o papel dos pais? O que você acha que os pais podem fazer para auxiliar os seus filhos na escola?
Os pais são importantíssimos neste processo; porém, o professor não pode esperar que os pais eduquem academicamente os seus filhos. É de responsabilidade do professor o ensino, as lições e tudo que for pedagógico. Aos pais, coube, cabe e sempre caberá dedicar carinho, amor e respeito aos seus filhos.

7- Como está a equipe de profissionais na rede pública?
R: Na escola pública as coisas não estão melhores, pois as pessoas que estão tratando da educação não nos ouvem. Ninguém vem aqui para falar assim: Está funcionando? Vocês estão trabalhando bem? Quem sabe o que é uma escola é quem está dentro dela.
A política então, só se lembra da parte social, educacional e da saúde na época da eleição, ninguém está preocupado com o aproveitamento do aluno. Dependemos da boa vontade de políticos que na maioria das vezes só se preocupam com sua autopromoção, por isso há uma epidemia de desinteresse por parte considerável do professorado publico.

8- Você acredita na inclusão? Por quê?

R: Acredito em partes, já que acho que estamos apenas engatinhando. É uma questão muito complexa e, do meu ponto de vista, tem muitas falhas. Uma criança especial (independentemente de sua deficiência) precisa de vários estímulos extra-escolares para que a aprendizagem se efetive. Por exemplo: Uma criança deficiente visual não aprende a ler e escrever com uma criança que enxerga. Existe um período preparatório para o Braille, essencial para sua formação futura. Depois, ela fica silábica por um bom tempo, faz exercícios repetitivos de sílabas. As estimulações não são visuais, portanto, a sala não é um ambiente estimulador. São outras necessidades.

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